LINGUAGEM E MEDITAÇÃO: CONSIDERAÇÕES DE UM CORREDOR DE LONGAS DISTÂNCIAS

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César Fernando Meurer

Resumo

Pode uma corrida longa e desacompanhada instanciar uma meditação? Com base na experiência pessoal de corredor, desenvolvo uma resposta afirmativa para essa pergunta. Primeiramente, distingo contemplação de meditação, propondo que a primeira é uma atividade não-reflexiva focada no monitoramento do próprio corpo e que a segunda, por contraste, é uma atividade reflexiva que inclui o “eu” tanto em lembranças de episódios do passado pessoal quanto em pensamentos episódicos contrafatuais e em pensamentos episódicos futuros. Na continuidade, sugiro que a meditação, pelas suas características,
promove um distanciamento das contingências sensório-motoras do presente e que tal distanciamento é dependente das nossas capacidades linguísticas. Por fim, especulo se essas considerações lançam luzes sobre o debate acerca do status corporificado da linguagem.

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