VISÃO E CONSCIÊNCIA NA FILOSOFIA DA MENTE E NA FILOSOFIA BRASILEIRA

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Augusto Simões Cunha

Resumen

Ao percorrer um labirinto cheio de curvas e obstáculos, um cego dotado da chamada “visão cega” afirma que, em sua opinião, acreditava ter andado em linha reta por um corredor vazio. Para o darśana (visão da verdade) Sāṃkhya, o conhecimento advém dos antahkaranas (mente e intuição), pela receptividade dos gnanendriyas (incluindo os olhos) e a consciência de puruṣa. Para Platão, os olhos emitem um fogo pelo qual se transmite aquilo que afeta a visão para uma instância superior da alma, que acolhe a sabedoria e a reflexão. Para Santo Agostinho, a visão inteligível, em conjunto com a razão superior, possibilita a contemplação das verdades eternas. Para Abraham J. Heschel, o Deus de Israel invisível se faz audível através dos profetas do Antigo Testamento. Com René Descartes, nossa visão pode nos enganar. Na Dióptrica, Descartes volta-se para a formação da imagem no cérebro, composta por movimentos que agem sobre a alma e provocam a visão. Lévi-Strauss critica certas categorias abstratas da filosofia ocidental, como o cogito cartesiano, que separam radicalmente o homem e a natureza. Entre seus objetivos, a filosofia brasileira busca a reintegração destas categorias. Cerimônias de reintegração do homem com a natureza, com o uso de ayahuasca, provocam visões chamadas de “mirações”. A filosofia universal deve incorporar tantas “visões” quantas possíveis.

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