DA BIOLOGIA DA ARTE A ARTE DA BIOLOGIA
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Abstract
O presente trabalho monográfico tem como objetivo fazer uma interface entre Biologia e Arte. Para tanto, este se volta primeiramente a uma revisão bibliográfica e uma análise reflexiva da concepção de ser humano no mundo ocidental.
Centramos-nos em três idéias principais, resumidas aqui como tripé acústico: a teoria da tábula rasa de John Locke, o mito do bom selvagem de Rousseau e o fantasma na máquina de Descartes. Segundo o psicólogo cognitivo Steven Pinker
seriam essas as três idéias que teriam tecido e sedimentado toda a concepção de homem, natureza e do conhecimento. Compreendemos que essa perspectiva filosófica dualista, romântica e empirista, que vislumbra o homem como um ser raso,
bom e fragmentado é incompatível com as descobertas da ciência sobre a existência de uma natureza humana universal que, sendo parcialmente biológica, implica diferenças genéticas e de personalidades, dos comportamentos, dos sexos, etc.
Procuramos mostrar os reflexos da concepção de homem como um tripé acústico no que tange ao nascimento da educação compulsória, da sociologia, do behaviorismo, da discriminação comunista na URSS, China e no Camboja, do massacre nazista,
do regime de Aphartheid na África do Sul e da política de cotas raciais nas universidades brasileiras. Em seguida, investigamos a origem e o desenvolvimento de uma nova face do conhecimento alicerçada na teoria da evolução medida pelo
processo de seleção natural proposta por Charles Darwin. Fazemos um breve histórico, concentrando-nos na origem, bem como nos desdobramentos da sociobiologia e da psicologia evolucionista, ciências que vêm articulando e propondo
uma nova concepção de homem. Ainda, tratamos de fazer uma análise e uma correlação de quatro obras de arte do artista gráfico holandês M. C. Escher (1898 – 1972) com as idéias de: processo evolutivo darwinista; ciência e auto-conhecimento,
e natureza e criação. Finalizamos a primeira parte deste volume indagando a veracidade dos argumentos, que alegam que a aceitação de uma natureza universal e moldada pelo processo evolutivo acarretaria um retorno às idéias de darwinismo
social, preceito e eugenia. – freqüentemente utilizados pelos cientistas sociais. Já na segunda parte deste trabalho procuramos fazer uma análise de cinco desenhos clássicos da Walt Disney World (Branca de Neve (1937), Bambi (1942), A Bela Adormecida (1959), A Pequena Sereia (1989) e Toy Story (1995)), uma vez que entendemos essa grande empresa como parte do universo da infância do homem, além de um veículo importante na produção de arte, bem como na transmissão e reprodução de cultura do século XX. Logo, fez-se necessário uma investigação quanto às inserções das idéias do tripé acústico nesses desenhos. A partir disso, concluímos que, de alguma forma, Locke, Descartes e Rousseau encontram-se presentes, em algum lugar, no mundo artístico e mágico da Disneylândia e, por conseqüência, participam da infância do homem moderno.