CRÍTICAS À IRREALIDADE DO TEMPO DE JOHN MCTAGGART

Autores

  • Augusto Simões Cunha Bacharel em Direito pela USP (1998); Bacharel em Administração Pública pela FGV (1999); Master of Laws (LL.M.) por The University of Liverpool (2003); Bacharel em Filosofia pela USP (2013); Especialização em Filosofias das Índias Antigas pelo Instituto Paulista de Sânscrito (IPS) (2016); Mestrando em Filosofia pela Unesp, na linha de pesquisa de Lógica, Epistemologia e Filosofia da Consciência. Autor

Resumo

John E. McTaggart não existe, nem é real. O filósofo mitificou o tempo e asseverou que o tempo era irreal. Na mitologia grega, Chronos é o rei dos titãs e o deus do tempo inexpugnável, que a tudo devora, inclusive a realidade de McTaggart. O filósofo apresenta duas maneiras de se distinguir posições no tempo: as Séries A e B. Na Série A, os eventos ocorrem no tempo com as noções de passado, presente e futuro, mudando sua posição temporal e o valor lógico de verdade das proposições que descrevem os eventos. Já a Série B é estática e não permite a mudança no valor de verdade das proposições que descrevem os eventos: anteriores, posteriores ou simultâneos. A realidade das Séries A e B levariam a uma contradição, devendo ser rejeitadas. Nada muda, nem seria, realmente, passado, presente e futuro. A filosofia teísta de Martin Luther King Jr rejeita a irrealidade do tempo de McTaggart. Para Dean W. Zimmerman, caso se sustente que Deus existia inscrito no tempo e fosse imutável antes da criação, a relação necessária de McTaggart entre tempo e mudança estaria descartada ab initio. Mas para McTaggart, o Homem (ou a alma) é eterno e real. A lacuna explicativa de McTaggart, tendo de um lado o tempo irreal e, de outro, a eternidade do Homem, é preenchida pelo Sāṁkhya (uma filosofia indiana), que distingue tempos e espaços absolutos e relativos.  

Referências

ARANTES, PAULO CORRÊA. Kairós e Chronos: Origem, Significado e Uso. Revista Pandora Brasil - Nº 69, Dezembro de 2015 - ISSN 2175-3318

BÍBLIA SAGRADA. Livro do Eclesiastes, 3: 10- 11.

CID, RODRIGO. McTaggart e o problema da realidade do tempo. Argumentos - Revista de Filosofia. Ano 3, nº 5- 2011.

GRAVES, R. O Grande Livro dos Mitos Gregos. Harmondsworth: Penguin, 1955.

IŚVARAKṚṢṆA. Sāṁkhyakārika - Iśvarakṛṣṇa Memorable Verses on Sāṁkhya Philosophy with the Commentary of Gaudapadacarya. Poona Oriental Series no. 9. The Oriental Poona Agency. 1933.

KING, M. L. The Personalism of J. M. E. McTaggart Under Criticism, Stanford, Boston University, 1951.

MCTAGGART, J. E. The Unreality of Time. Mind: a quarterly Review of Psychology and Philosophy, n. 17, p. 456-473, 1908.

_________, J.E. SDR - Some Dogmas of Religion. London: Edward Arnold, 1906.

_________, J.E. Studies in Hegelian Cosmology. Cambridge: University Press, 1918.

_________, J.E. Human Immortality and Pre-Existence. Second impression. Edward Arnold. London, 1916.

PESSOA JR., Osvaldo,.Tradução para o curso de Filosofia da Física (USP, 2011) de McTaggart, J.M.E. The Unreality of time, Mind 17, 1908, pp. 456-73. Pg. 9.

OXFORD DICTIONARIES: “Time". Oxford University Press. 2011. Archived from the original on 4 July 2012. Retrieved October 02 2020.

SAGE KAPILA. The Sāṁkhya Sutras of Kapila. Translated by James R. Ballantyne. 1852. WIKIPEDIA. https://pt.wikipedia.org/wiki/Martin_Luther_King_Jr. accessed in October 02 2020.

ZIMMERMAN, Dean W. God Inside Time and Before Creation. Rutgers, The State University of New Jersey. January 2011.

Downloads

Publicado

2025-12-05