MORCEGOS: REALIDADE E FANTASIA NA CONCEPÇÃO DE CRIANÇAS DE ÁREA RURAL E URBANA DE BOTUCATU, SP.
Palavras-chave:
mitos, quirópteros, área rural, área urbana, ensino fundamentalResumo
Concepções fantasiosas acerca dos morcegos têm resultado em comportamentos hostis e eliminação de indivíduos de diferentes espécies ecologicamente importantes. Por meio de respostas a um questionário e desenhos acompanhados das respectivas histórias, 120 crianças de três turmas de terceira série do ensino fundamental revelaram suas concepções e os dados serviram de suporte para a elaboração de uma proposta visando a desmistificação desse grupo de animais. Os resultados das análises demonstraram que a maioria das crianças, sem diferença estatisticamente significativa entre aquelas que residiam na área rural ou urbana, encaram morcegos como feios e maus, mesmo sem terem tido qualquer experiência negativa com representantes do grupo ou de conhecê-los como potenciais vetores de doenças como a raiva. Este julgamento baseia-se na aparência e no hábito alimentar dos hematófagos, amplamente divulgado na mídia. Concepções fantasiosas e estimuladoras de atitudes agressivas, colocadas em xeque por meio de atividades que aproximam as crianças desses animais estimulam uma visão mais real acompanhada de atitudes conseqüentes e não agressivas, condizentes com o valor biológico e ecológico do grupo, inicialmente desconhecidos. Após um trabalho educativo as crianças participaram da preparação de posteres para divulgação do conhecimento adquirido sobre as diversas espécies, respectivos benefícios e eventuais perigos que representam para o Homem e para outros vertebrados.
Referências
ALLEN, G. M. Bats Dover Publications, New York, 1967. 368p.
ALVES G. M. Morcegos na Fazenda Lageado: concepções dos moradores e riqueza de espécies em uma trilha ecológica. 1999. (Monografia de conclusão de curso). Universidade Estadual Paulista – Instituto de Biociências – Botucatu, 61p.
CHEVALIER, J.; GHEERBRANT, A. Dicionário de símbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números 10a ed., José Olympio, Rio de Janeiro, XLI + 996 p. 1996.
CURI, R. P. Metodologia e Análise da Pesquisa em Ciências Biológicas 2a ed., Tipomia, Botucatu, 1998. 263 p.
CURI, R. P.; MORAES R.V. Associação, homogeneidade e contrastes entre proporções em tabelas contendo distribuições multinomiais. Ciência e Cultura, v. 33, n. 5, p. 712-722, 1981.
DURAND, G. As estruturas Antropológicas do Imaginário. Martins Fontes, São Paulo, 1997. 551 p.
EGAN, K. O uso da narrativa como técnica de ensino: Uma abordagem alternativa ao ensino e ao currículo na escolaridade básica. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1994. 141p.
FENTON, M. B. Bats Facts on File, New York, 1992. 207p.
HILL, J. E., SMITH, J.D. Bats: a natural history. British Museum (Natural History), London, 1988. 243p.
HUTCHISON, D. Educação Ecológica: idéias sobre consciência ambiental. Artmed, Porto Alegre, 2000. 176p.
KAHN, P.; BAYOUS H.; RIVERS J. Cross-Cultural Perspectives on Children’s Enviromental Moral Reasoning. New Directons for Child Development, n. 76: p. 23-36, (1997).
KAHN, P. H.; FRIEDMAN, B.; HOWE, D. C. Along the Rio Negro: Brazilian Children’s Environmental Views and Values. Developmental Psychology, v. 32, n. 6, p. 979-987, 1996.
KELLERT, S. R. The Value of Life. Island Press, Washington. 123 p. 1996.
LIBÂNEO, J. C. Tendências pedagógicas na prática escolar. In: Democratização da escola pública. Loyola, São Paulo, Cap.1, p.19 – 44, 1986.
PALEARI, L.M. Natureza da Relação Homem/Morcego Em Povoados do Pará e Amapá: História Natural, Lendas e Questões Médico-Sanitárias. . Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Estado do Pará, v. 12, n. 1, p. 135-156, 2005.
PALEARI, L.M. Homens, morcegos e ambiente: uma abordagem ecológica para a educação In Susi Missel Pacheco, Rosane Vera Marques, Carlos Eduardo L. Esbérard (Org). Morcegos no Brasil: biologia, sistemática, ecologia e conservação. Porto Alegre: Editora Armazém Digital. 510 p, 2008. (DVD incluso som e imagens).
PEDRO, W. A. Diversidade de morcegos em habitats florestais fragmentados do Brasil (Chiroptera, Mammalia). 1998. Tese de Doutorado - Universidade Federal de São Carlos, UFSCar.
POSEY, D. A. Etnobiologia. In Ribeiro, D. Suma Etnológica Brasileira. Editora Vozes, Cap. 1, p. 15-25, 1986.
ROSA, E.S.T., et al. Bat-transmitted human rabies outbreaks, Brazilian Amazon. Emerging Infectious Diseases, 12 (8): 1197-1202, 2006.
STROHM, B. Most “facts” about bats are myths. Nat. Wild. Magaz., v. 20, n. 5, p. 35-39, 1982.
SVS 2005. RAIVA HUMANA POR MORCEGOS NO ESTADO DO MARANHÃO. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, MINISTÉRIO DA SAÚDE, BRASÍLIA, DF, RELATÓRIO NÃO PUBLICADO, 5P.
THIOLLENT, M. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária. 3a ed.,Polis, São Paulo, 1982. 76 P.
TUTTLE, M. D. America's neighborhood bats. University of Texas Press, Texas, 1988. 96p.
UIEDA, W. História natural dos morcegos hematófagos no Brasil. In Susi Missel Pacheco, Rosane Vera Marques, Carlos Eduardo L. Esbérard (Org). Morcegos no Brasil: biologia, sistemática, ecologia e conservação. Porto Alegre: Editora Armazém Digital. 510 p. 2008.
(DVD incluso som e imagens).
UIEDA, W.; BREDT, A.; PINTO, P.P. Dieta, abrigos e comportamento do morcego fitófago Artibeus lituratus (Phyllostomidae) em Brasília, Distrito Federal, e sua relação com as plantas usadas na arborização urbana. In Susi Missel Pacheco, Rosane Vera Marques, Carlos Eduardo L. Esbérard (Org). Morcegos no Brasil: biologia, sistemática, ecologia e conservação. Porto Alegre: Editora Armazém Digital. 510 p. 2008. (DVD incluso som e imagens).
VILLA, B. C.; CANELA, M. R. Man, gods, and legendary vampire bats. In: GREENHALL, A. M., SCHIMIDT, U. Natural History of Vampire Bats. 1988. CRC Press, Florida, Cap. 17, p. 233 – 240.
WILSON, D. E. Bats in question. Smithsonian Institution Press, Washington – London. 1997. 168p.
WILSON, E. O. Biophilia. Harvard University Press, Cambridge. 1984. 157P.
YALDEN, B. W.; MORRIS, P. A. The Lives of Bats. Charles & David, Vancouver, 1975. 247p.