EXPERIÊNCIA RELIGIOSA E SAÚDE – UMA ANÁLISE FENOMENOLÓGICO- EMPÍRICO DAS PRÁTICAS MEDITATIVAS NEO-XAMÂNICAS.
Palavras-chave:
xamanismo, método fenomenológico-empírico, religiosidadeResumo
Denomina-se xamanismo um antigo sistema centrado em indivíduos elegidos a xamãs que obtinham acesso a informações extraordinárias via meditação ou transe, visando atender às necessidades psicológicas, médicas e espirituais de uma comunidade. “Neoxamanismo” é, assim, a tentativa atual de conciliar esta sabedoria com elementos e ideias modernos. Nessa pesquisa objetivou-se compreender, por meio do método fenomenológico-empírico, o sentido da experiência religiosa neo-xamânica a partir de cinco colaboradores da cidade de Uberlândia-MG. Após as entrevistas, seguiu-se um processo de análise pela qual se obteve elementos variantes nos relatos e outros invariantes, através dos quais se sintetiza esta experiência religiosa: Ser neoxamanista é relacionar-se com o sagrado; é conectar-se consigo mesmo; é conectar-se com a natureza; é compreender a unicidade entre nós e a natureza. Assim pudemos tecer conexões com a meditação, religiosidade e saúde, concluindo-se que o estudo deste fenômeno tem muito a acrescentar na maneira de se pensar e fazer saúde humana na atualidade.
Referências
ALBUQUERQUE, M. B. B. Saberes da ayahuasca e processos educativos na religião do Santo Daime. Revista Latino Americana de Ciências Sociais, v. 10, n. 1, p. 351-365, 2012.
ALVES, R. Variações sobre o prazer: Santo Agostinho, Nietzsche, Marx e Babette. São Paulo: Editora Planeta, 2011. 192 p.
CAICEDO FERNANDES, A. Nuevos chamanismos nueva era. Universitas Humanística, n. 68, p. 15-32, 2009.
CAPRA, F. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 1996. 249 p.
CASCUDO, L. C. Civilização e cultura. Belo Horizonte: Global Editora, 1983.
CERQUEIRA, R. F. O discurso produzindo sentido: compreendendo o sofrimento psíquico através da religiosidade. 2003. 164 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2003.
CHARDIN, T. Mundo, homem e deus. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1980.
COSMOS: a personal voyage. Episódio 1: As margens do oceano cósmico. Direção de Adrian Malone. Produção de KCET e Carl Sagan Productions. Los Angeles: BBC, Polytel International e PBS, 1980. 1 DVD (60 min), son., color. COSTA, M. C. M.; FIGUEIREDO, M. C.; CAZENAVE, S. O. S. Ayahuasca: uma abordagem toxicológica do uso ritualístico. Revista Psiquiatria Clínica, v. 32, n. 6, p. 310- 318, 2005.
CROATTO, J. S. As linguagens da experiência religiosa: uma introdução à fenomenologia da religião. Tradução Carlos Maria Vásquez Gutiérrez. São Paulo: Coleção Religião e Cultura, 2001.
ELIADE, M. Origens: história e sentido na religião. Lisboa: Edições 70, 1989. 199 p.
ELIADE, M. O xamanismo e as técnicas arcaicas do êxtase. Tradução Beatriz Perrone-Moisé e Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 426 p.
GADAMER, H.-G. O caráter oculto da saúde. Petrópolis: Vozes, 2006.
GIORGI, A. Método psicológico fenomenológico: alguns tópicos teóricos e práticos. Revista Educação, v. 24, n. 43, p. 133-150, 2001.
GIORGI, A.; SOUSA, G. Método fenomenológico de investigação em psicologia. Lisboa: Editora Sociedade Unipessoal, 2010.
HARNER, M. O caminho do Xamã. Tradução de Nair Lacerda. São Paulo: Cultrix, 1980.
JUNG, C. G. Memórias, sonhos, reflexões. Tradução Dora Ferreira da Silva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1961.
KRIPPNER, S. Os primeiros curadores da humanidade: abordagens psicológicas e psiquiátricas sobre os xamãs e o xamanismo. Revista de Psicologia Clínica, v. 34, n. 1, p. 17- 24, 2007.
LANGDON, E. J.; ROSE, I. S. Diálogos (neo)xamânicos: encontros entre os Guarani e a
ayahuasca. Tellus, v. 10, n. 18, p. 83-113, 2010.
LEVIN, J.; CHATTERS, L. M.; TAYLOR, R. J. Religion, health and medicine in African
Americans: implications for physicians. Journal of the National Medical Association, v. 97, n.
2, p. 237-249, 2005.
LUZ, M. T. Cultura contemporânea e medicinas alternativas: novos paradigmas em saúde no fim do século XX. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 7, n. 1, p. 13-43, 1997.
MAGNAMI, J. G. C. O xamanismo urbano e a religiosidade contemporânea. Religião e Sociedade, v. 20, n. 2, p. 113-140, 1999.
MARTINS, J.; BICUDO, M. A. V. A pesquisa qualitativa em psicologia: fundamentos e recursos básicos. 5. ed. São Paulo: Centauro, 2005.
MARTYNETZ, D.; SERBENA, C. A. O significado da psicologia e da terapia holística para terapeutas holísticos graduados em psicologia. Revista da Abordagem Gestáltica, v. 18, n. 1, p. 85-92, 2012.
NASSER, A. C. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis: Vozes, 2008.
OLIVEIRA, M. R.; JUNGES, J. R. Saúde mental e espiritualidade/religiosidade: a visão de psicólogos. Estudos de Psicologia, v. 17, n. 3, p. 469-476, 2012.
PAIVA, G. J. O grupo de trabalho psicologia e religião: histórico, realizações e perspectivas. Temas em Psicologia, v. 8, n. 2, p. 205-210, 2000.
RABELO, M. C. Religião e cura: algumas reflexões sobre a experiência religiosa das classes populares urbanas. Cadernos de Saúde Pública, v. 9, n. 3, p. 316-325, 1993.
SANTOS, B. S. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez, 2008.
SOBIECKI, J.-F. An account of healing depression using ayahuasca plant teacher medicine in a Santo Daime ritual. Indo-Pacific Journal of Phenomenology, v. 13, n. 1, p. 1-12, 2013.
VASCONCELLOS, M. J. E. Pensamento sistêmico: o novo paradigma da ciência. Campinas: Papirus, 2002.
ZULUAGA, G. A cultura do Iagi. Revista Visión Chamánica, v. 1, fev. 1999.