BREVE HISTÓRICO DA TAXONOMIA E DA SISTEMÁTICA

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Renato Soares Capellari

Resumo

A classificação, ou seja, o ato de agrupar ou ordenar coisas ou seres, qualificando-os e distribuindo-os em conjuntos ou classes, embora pareça ser fruto única e exclusivamente da atividade racional humana, não vem a ser um aspecto do homem que o diferencie enquanto humano e em sua natureza. Ainda que possa parecer despropositado dizê-lo, os animais, às vezes tidos como desprovidos de razão, também demonstram, por seus atos, classificar os objetos ao seu redor. No habitat em que se inserem sabem o que são ‘alimento’ e ‘nãoalimento’, ‘competidores’, ‘parceiros’ em potencial, ‘inimigos’ ou ‘presas’, etc. Contudo, obviamente, quando fazem tais distinções ainda estão muito distantes daquilo que o homem faz enquanto classificador, uma ação sistematizada e orientada pelos ditames racionais que possui, na qual a linguagem desempenha um papel fundamental para que ela se concretize. A despeito disso, o homem é um animal classificador, sendo que sua existência depende de sua habilidade em reconhecer as similaridades e as diferenças em seu ambiente e demarcá-las lingüisticamente. A classificação biológica vem se desenvolvendo de forma sistematizada ao longo da história desde Aristóteles. Entretanto suas primeiras manifestações remontam a culturas primitivas espalhadas por todo o mundo, nas quais já se podia ver traços de uma
rudimentar taxionomia, classificação. A necessidade de se ordenar a natureza percorre todas as manifestações culturais em todas as épocas, e não parece ser uma criação que sai da mente humana e atinge a natureza, mas sim, primariamente, o contrário, pois o ambiente se mostra à
mente humana de um dado modo que permite esta compreensão. Para Aristóteles, a ordem do
pensar reflete a ordem do mundo. As diversas formas como, no mundo biológico, reconhecida
essa ordem e representada na forma de classificações por meio da Taxonomia e da
Sistemática, são o alvo desta revisão bibliográfica. Um breve histórico dos referidos campos
da Biologia é apresentado. Nele são delineados os sucessivos períodos em que distintos
paradigmas científicos guiaram as práticas taxonômicas e formularam as bases teóricas da
classificação, desde suas formas primitivas até a complementariedade. Nessa medida, uma visão panorâmica das transformações ocorridas na Taxonomia e na Sistemática é
proporcionada. Para tanto, a revisão bibliográfica passa pelos principais representantes da
taxonomia e da sistemática apresentando, assim, uma história da classificação, sua pertinência
e características na atualidade. O que se pode perceber é que a aparente aridez atribuída à
taxonomia e à sistemática não faz justiça ao significado de uma e de outra. Sendo preteridas
por muitos estudiosos, elas não obtêm o reconhecimento do fundamento que proporcionam
para a compreensão das semelhanças e diferenças biológicas. Elas são a expressão da atenção
humana acurada dedicada ao fenômeno da vida e de suas manifestações mais específicas. A
taxonomia e a sistemática representam o alcance do conhecimento absoluto que se
universaliza na medida em que atenta para as particularidades. Enfim, a identificação que
encerram é o reconhecimento da diferenciação e de sua descrição. 

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