PRÁTICAS CONTEMPLATIVAS E TOMADA DE DECISÃO: A RELAÇÃO ENTRE A NEUROFENOMENOLOGIA, MEDITAÇÃO E A REGULAÇÃO TOP-DOWN DAS EMOÇÕES

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Marlos Vinícius Oliveira Ramos

Resumo

Esse artigo tem como objetivo analisar a relação entre os processos de tomada de decisão humana e capacidade de autorregulação/ regulação top-down desenvolvida, nesse caso, por meio de práticas contemplativas, principalmente a meditação mindfulness. Esse debate é sustentado pelo nexo estabelecido entre os processos cognitivos e emocionais, buscando uma compreensão das bases causais do comportamento decisório humano e o processo cognitivo e
afetivo. Nessa perspectiva teórica, as emoções exercem o papel de proeminentes mecanismos neurobiológicos no processo de tomada de tomada de decisão, revogando a lógica cartesiana racionalista e dualista muito influente até os dias atuais. Com tal característica, a perspectiva dicotômica entre processos emocionais e cognitivos perde influência e força argumentativa,
sendo reforçado o papel colaborativo e integrativo entre esses dois mecanismos que regulam o comportamento decisório dos indivíduos. A base teórica que fundamenta a perspectiva defendida nesse trabalho sustenta-se, assim, na neurofenomenologia que interage sinergicamente com as abordagens fenomenológicas, as descobertas modernas das neurociências e as práticas contemplativas orientais. De outro modo, a interdisciplinaridade entre a filosofia e as ciências práticas possibilitam uma proposta conceitual que dialogue de forma consistente com as descobertas experimentais cognitivas e neurais, fundamentando, assim, uma análise significativa de hipóteses neurobiológicas e filosóficas dos problemas clássicos relacionados à nossas capacidades de autodeterminação, autogoverno e do controle voluntário sobre nossas ações. Em suma, ao examinarmos a situação atual, poucas discussões acadêmicas propõem um debate mais amplo e interdisciplinar sobre esse tema, recaindo, assim, muitas vezes em velhos paradigmas conceituais, hoje já notoriamente superados pelas descobertas empíricas da mente. Assim, ao incorporar no debate filosófico a cognição, as práticas milenares e a experiência científica, faremos uma breve revisão conceitual teórica sobre tomada de decisão até chegarmos nos modernos experimentos realizados com meditadores experientes, afim de propor uma discussão filosófica que apresente novas perspectivas acadêmicas congruentes para os debates sobre tomada de decisão modernas e nossa capacidade de autorregulação.

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