O CONCEITO DE CIÊNCIA NO SEU PROCESSO DE REALIZAÇÃO
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Resumen
Para a sociedade contemporânea ocidental, a ciência é o referencial quando o assunto é conhecimento ou saber. Essa herança da modernidade aponta a ciência como o que veio a ser uma instituição social reconhecida como única fonte legítima do conhecimento e digna de confiabilidade. Sendo assim, é na pesquisa, cujo desdobramento se apresenta como a relação
entre pesquisador e o objeto pesquisado que será gerado o conhecimento. Essa relação entre pesquisador e objeto de estudo pode se dar de três formas, sendo elas objetiva, subjetiva e dialética. Ao se destacar num trabalho científico qual a relação que o autor desenvolve com seu objeto de estudo, é possível evidenciar indícios de seu conceito de ciência já que, muitas
vezes, é a forma pela qual o pesquisador se relaciona com o objeto que irá guiar suas práticas e o conduzir pelo caminho a ser seguido. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar a relação entre pesquisador e objeto de pesquisa em trabalhos selecionados de um centro de investigação científica e refletir sobre algumas possíveis implicações de tal conformação. Para
isso realizou-se uma breve revisão das relações entre o sujeito conhecedor e objeto conhecido presentes historicamente na atividade científica. Foram coletados e analisados 65 trabalhos de diversos pesquisadores de um centro de investigação científica e publicados em diferentes periódicos. Os trabalhos foram classificados numa das formas de relação entre sujeito e
objeto. O determinante na escolha das publicações foi terem sido publicadas entre 2005 e 2009; que os trabalhos selecionados fossem de diferentes pesquisadores; e, na medida do possível, com objetos de estudo e procedimentos distintos. O intuito foi que tais parâmetros possibilitassem abranger uma maior diversidade do estudado, e, portanto, uma melhor caracterização das compreensões de ciência presentes. Após a classificação, observou-se que as pesquisas com uma relação sujeito-objeto de atitude realista foram as de maior número, seguidos pelos idealistas e por fim pelos que privilegiam a relação dialética. Dentre os artigos compreendidos no presente estudo, tanto os trabalhos realistas quanto os trabalhos idealistas apresentaram, de forma geral, uma pequena preocupação com a reflexão sobre o significado de sua própria prática. Com isso, o fazer ciência pôde vir a ser desenvolvido quase que de forma cega, significando o desenvolvimento de metodologias altamente específicas, porém sem que seu sujeito as ultrapassasse, obtendo uma compreensão histórica e contextual de seu ato científico. Na abordagem relacional, a atenção foi voltada para o contexto que permeia a relação do pesquisador e objeto de pesquisa, captando e resgatando seus antecedentes de forma renovada, o que permitiu ao ato científico um resgate reflexivo de sua própria prática, tornando-a mais totalizadora e dinâmica. Acredita-se que a ciência realizada em todos os trabalhos abordados seja da maior qualidade e sugere-se, para uma realização ainda mais totalizante, que ocorra a prática de incorporação de cada vez mais ciência da ciência em seu cotidiano. Serão suas reflexões que nos possibilitarão o desenvolver de uma ciência mais
significativa e transformadora, cabendo aos pesquisadores, utilizarem da ciência da ciência para pensarem suas práticas e as tornarem cada vez mais dialógicas e complexas, assim como a natureza o é.