Crítica à “Concepção Bancária da Educação” Embasada na Neurociência Cognitiva

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Rafael Peres dos Santos
Rafael Fernandes Barros
Fábio Augusto Furlan
Angelina Batista
Alfredo Pereira Júnior

Resumo

Em livro publicado em 1970, Paulo Freire descrevia e criticava a “Concepção Bancária da Educação”. Quarenta anos depois, entendemos que esta crítica seria adequada para se analisar o ensino superior brasileiro. Neste trabalho, mostramos que a “Concepção Bancária” criticada
por Freire conflita com conceitos elaborados no contexto da Neurociência Cognitiva, a respeito dos métodos de aprendizagem e dos respectivos processos cerebrais que lhes dão suporte. Os tipos mais relevantes de aprendizagem que ocorrem na escola envolvem a
experiência consciente, quando os sujeitos vivenciam certas atividades e/ou conteúdos cognitivos. Contudo, na fase de recuperação da memória, há uma distinção nítida entre, por
um lado, as memórias declarativas, semânticas ou episódicas, que dependem criticamente da consciência, e as memórias procedimentais, que são recuperadas de modo automático. Os requisitos para a aquisição de ambas também variam: memórias recuperadas conscientemente
dependem do entendimento ou compreensão de um conteúdo cognitivo (o que demanda que haja motivação para aprender), enquanto as memórias recuperadas automaticamente dependem basicamente do processo de repetição das experiências. Neste trabalho, discutimos
a possibilidade de que a universidade possa estar sistematicamente utilizando métodos apropriados para a aprendizagem automatizada, em contextos que demandariam métodos de aprendizagem consciente. Neste sentido, reafirmamos a crítica feita por Freire e, assim como
ele, procuramos alternativas que contribuam para que os alunos assumam, junto com o professor, a co-responsabilidade por sua formação.

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